sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

O rádio registra o fracasso brasileiro



O mundial de 1966 entrou para a história pela porta dos fundos. A competição é a que ganhou o maior número de rótulos: "a Copa da vergonha", "a Copa escandalosa", "a Copa da suspeita" ou "a Copa da violência". Nunca um mundial teve tanta violência em campo. Além do mais, até hoje, jogadas daquela Copa são discutidas do ponto de vista da arbitragem. O então presidente da Fifa, o inglês Stanley Rous, teria interferido com o intuito de favorecer o time da rainha. Por exemplo: os donos da casa não jogaram nenhuma vez fora de Wembley. A Inglaterra tinha uma boa seleção, mas a única conquista do país em mundiais acabou ofuscada pelos erros dos juízes e a violência. Agora, vergonhoso mesmo foi o desempenho da seleção brasileira. Depois do bicampeonato em 58 e 62, a equipe ficou em décimo primeiro lugar. A preparação confusa, o corte de jogadores e os desmandos da comissão técnica se traduziram em um futebol fraco. Mais uma vez os brasileiros acompanharam a Copa pelo rádio. 

Pedro Luiz foi uma das grandes vozes das transmissões. Ele tinha deixado a Bandeirantes e estava na Tupi.




A Panamericana, que estava mudando de nome para Jovem Pan, justamente em 1966, contou com Marco Antônio e Darcy Reis. A Bandeirantes teve Fiori Giglioti.



De positivo, a Copa de 1966 é a primeira em que as gravações da íntegra dos 32 jogos estão preservadas em filme ou em vídeo-tape.


A nota acima destaca que 42 países viram a Copa pela TV, mas não necessariamente ao vivo. No total, 20, principalmente europeus, acompanharam o mundial pelas transmissões diretas. No Brasil, a exemplo de 1962, o vídeo-tape era exibido dias depois dos jogos.
As emissoras levavam ao ar as gravações ao mesmo tempo, em uma espécie de pool.



Vale lembrar que quatro anos depois, em 1970 as emissoras brasileiras também formaram um pool, mas, agora, para as transmissões ao vivo, via satélite. 

Em 66, Oduvaldo Cozzi era o narrador da TV Tupi. A TV Cultura tem no acervo os três jogos da seleção na Copa na voz  dele. 



Na sequência a abertura das transmissões do mundial. Eurovision/ITV/BBC de Londres:


 

Desde 1954, a Fifa passou a produzir os filmes oficiais das Copas do Mundo. O de 1966, "Goal", foi o primeiro em cores. São imagens preciosas do torneio na Inglaterra.


A preparação brasileira


O futebol brasileiro vivia uma transição em 1966. O time foi uma mescla de jogadores já com idade avançada, como Gilmar, Bellini e Djalma Santos e Garrincha, campeões em 58 e 62, e dos que conquistariam a Copa de 70, como Tostão, Jairzinho e Gérson. Vicente Feola, adoentado em 62, estava de volta ao comando técnico da seleção. O presidente da CBD, João Havelange, resolveu afastar Paulo Machado de Carvalho, dirigente que revolucionou a forma de preparação do time nacional. Alegando que o cartola paulista era intransigente, João Havelange resolveu assumir a responsabilidade de organização. O técnico Vicente Feola convocou 45 jogadores, número que subiria para 47 na fase de preparação. Ou seja, ninguém se entendia durante os treinos, ninguém sabia quem seria titular ou não. Praticamente todo o elenco foi utilizado na Copa. Dos 22 da lista definitiva, só não entraram em campo Zito e Edu, este o mais jovem a ser convocado para uma Copa, apenas 16 anos. Apesar de tantos jogadores, somente dois goleiros foram convocados. Gilmar dos Santos Neves e Manga. Se os dois se machucassem, sabe quem iria para o gol? Pelé!!! Gilmar, goleiro bicampeão mundial pela seleção, dizia que o clima interno na seleção era horrível e chamava atenção para o desrespeito dos cartolas no tratamento dado aos jogadores. A seleção passou por cinco cidades diferentes antes de viajar: Lambari, Caxambu, Teresópolis, Três Rios e Niterói. Uma bagunça! 


O dia dia da Copa


O mundial estava de volta à Europa depois de oito anos. O formato de disputa foi o mesmo das duas Copas anteriores. As 16 seleções foram divididas em quatro grupos. As duas primeiras passavam às quartas de final. Os africanos boicotaram a Copa em sinal de protesto contra uma resolução da Fifa. Pelo regulamento das eliminatórias, o vencedor do continente deveria enfrentar o primeiro da Ásia ou da Oceania.

Grupo A: Inglaterra, Uruguai, França e México;
Grupo B: Alemanha, Suíça, Argentina e Espanha;
Grupo C: Brasil, Bulgária, Portugal e Hungria;
Grupo D: URSS, Itália, Coréia do Norte e Chile; 

A Inglaterra tinha uma excelente geração de atletas: Booby Moore, Booby Charlton, Geoff Hurst e o grande goleiro Gordon Banks. O treinador era Alf Ramsey, ex-jogador, que disputou inclusive a Copa do Mundo de 1950, no Brasil. 

As partidas foram disputadas em Londres, Sheffield, Birmingham, Liverpool, Manchester, Middlesbrough e Sunderland. 

A rainha Elizabeth declarou aberta a oitava Copa da história, no dia 11, em Wembley. Inglaterra e Uruguai fizeram um jogou muito ruim que terminou empatado: 0 a 0. Aliás, de 1966 a 1978, as redes não balançaram nos jogos inaugurais. Uma frase seria repetida a exaustão: "na abertura da Copa, o futebol não foi convidado". 


A seleção brasileira estreou em Liverpool, a terra dos Beatles, contra a mediana equipe da Bulgária. O técnico Vicente Feola escalou: Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Altair e Paulo Henrique; Pelé, Denilson, Lima, Garrincha, Jairzinho e Alcindo. Os adversários abusaram da violência. Pelé abriu o placar aos 15 do primeiro tempo em uma cobrança de falta, o primeiro gol da Copa. Na etapa final, Garrincha, também de falta, fez 2 a 0, aos 18 minutos. Esse jogo foi o último em que Pelé e Garrincha atuaram juntos. E nunca perderam! 



A mesma nota que fala sobre o gol de Pelé, destaca que o camisa 10 do Brasil se contundiu no jogo contra a Bulgária:


Ainda no dia 12, a Alemanha goleou a Suíça por 5 a 0, com gols de Held (2), Beckembauer (2) e Haller. A União Soviética chegava a terceira Copa consecutiva. Estreou com vitória por 3 a 0 sobre a Coréia do Norte, que seria o grande azarão do mundial como veremos mais para frente.

No dia seguinte, pelo grupo da Inglaterra, a França empatou com o México por 1 a 1. Já a Argentina contava com grandes jogadores, como Perfumo, Rattin e Artime. O time estreou com vitória sobre a Espanha: 2 a 1. 

Pela chave do Brasil, Portugal, que seria a sensação da Copa, venceu a Hungria por 3 a 1, com dois gols de Augusto e outro de Torres. O grande destaque era Eusébio da Silva Ferreira, jogador do Benfica e chamado de "Pelé europeu". Ele foi o artilheiro da Copa de 1966 com 9 gols. Ainda no dia 12, a Itália venceu o Chile por 2 a 0, gols de Sandro Mazzola e Barison. Os italianos tinha ainda Facchetti e Rivera. 

Pelé era dúvida para o duelo contra a Hungria em 15 de julho:



A Hungria não era mais o supertime da Copa de 1954, mas a equipe de 66 tinha bons jogadores, como Bene e Farkas. Pelé ficou mesmo de fora. Vicente Feola escalou o mineiro Tostão. Outra novidade no time foi Gérson que entrou no lugar de Denílson. A partida em Liverpool, em 15 de julho, marcou o fim de uma invencibilidade de 13 jogos da seleção em mundiais. A última derrota tinha sido justamente para a Hungria, em 54, por 4 a 2. Dessa vez o placar foi 3 a 1. Bene marcou aos 2 minutos. Tostão empatou, aos 14. No segundo tempo, os húngaros comprovaram a superioridade, com Farkas, aos 19, e Meszoely, aos 28. Gilmar dos Santos Neves se contundiu e teve de jogar no sacrifício com uma faixa na perna. O goleiro, bicampeão mundial de futebol, seria substituído por Manga na partida seguinte.  



Nos outros jogos do dia 15, o Uruguai venceu a França por 2 a 1. A Espanha derrotou a Suíça pelo mesmo placar. Já Coréia do Norte e Chile empataram por 1 a 1.

A imprensa brasileira já especulava sobre a escalação do time que iria enfrentar Portugal.





Gerson, no entanto, não foi escalado contra Portugal, como veremos mais adiante. Os críticos, maldosos, diziam que ele tinha ingerido pasta de dente para passar mal e não entrar em campo contra os portugueses. Pura bobagem.

Por falar em Portugal, a seleção, comandada pelo brasileiro Otto Glória, chegou à segunda vitória na Copa: 3 a 0 na Bulgária. A Alemanha e a Argentina empataram sem gols. A Itália tropeçou diante da URSS: 1 a 0. 

Já o estádio de Wembley recebeu 92 mil torcedores para ver a Inglaterra vencer o primeiro jogo na Copa: 2 a 0, contra o México com gols de Booby Charlton e Hunt. 




Pelé estava de volta. Só ele poderia salvar a seleção brasileira. As novidades seriam: Manga, Orlando, Fidélis, Brito, Rildo, Silva e Paraná. Ou seja, um time totalmente diferente dos jogos anteriores. Brasil e Portugal se enfrentaram, em Liverpool, no dia 19 de julho. Dizia a lenda que o desempenho do goleiro Manga em um jogo dependia da primeira defesa dele na partida. O goleiro bateu roupa. Resultado: Portugal 3 a 1. 

Simões abriu o placar, aos 15. Manga rebateu mal uma bola pelo alto e o jogador português fez de cabeça. Eusébio marcou o segundo, aos 27, em uma falha da zaga brasileira. No segundo tempo, Rildo fez aos 25. Eusébio, de novo, marcou o terceiro de Portugal, aos 40 minutos, em um chute potente, sem chances para Manga. Pelé foi caçado em campo por Morais, Batista, Vicente e Coluna. A ordem era eliminar o "Rei" do futebol. O camisa 10 continuou em campo, mas mancando na ponta esquerda. Ainda não eram permitidas substituições durante as partidas. O árbitro inglês George McCabe não conseguiu conter a violência. O Brasil estava eliminado da Copa. Ficou em décimo primeiro lugar. A colocação só não foi pior do que a de 1934 (décimo quarto lugar).




Em São Paulo, cinco mil pessoas se aglomeraram na Praça da Sé durante a partida. Assim como em 1962, foi instalado um telão luminoso que indicava o local do campo onde estava a bola. Durante a transmissão do rádio, as lâmpadas do painel eram acionadas. Depois do jogo, muita confusão sem São Paulo:




A torcida criticou a comissão técnica. João Havelange é um dos responsáveis pelo fracasso do Brasil em 1966. Talvez já pensando em se candidatar à presidência da Fifa, ele quis demonstrar capacidade de comando ao assumir a preparação para a Copa de 1966, uma das mais desastrosas da história. Já o técnico Oto Gloria fez duras críticas aos dirigentes brasileiros. 






Pesquisando os jornais, Pelé, revoltado com a má organização em 1966, já avisava que não iria ao México em 1970.




Em meio ao vexame, a volta da seleção ao brasil foi cercada de preocupação e a polícia montou um esquema especial de segurança no Rio de Janeiro e em São Paulo: 



No entanto, poucos torcedores foram esperar a seleção em São Paulo e no Rio de Janeiro.






Até mesmo uma CPI foi cogitada no congresso para apurar as razões do fracasso nacional na Copa: 



Outra seleção campeã mundial, a Itália, também teve uma desclassificação vergonhosa. O time perdeu para a Coréia do Norte, em uma das grandes zebras das Copas. O gol foi marcado por Pak do-ik que virou herói nacional. No retorno ao país, os italianos foram recebidos com ovos e tomates!

Ainda no dia 19, Uruguai e México empataram por 0 a 0. A Argentina venceu a Suíça por 2 a 0, gols de Artime e Onega. 

Fechando a terceira rodada da Copa, no dia 20, a Inglaterra passou pela França por 2 a 0, gols marcados por Hunt. A Alemanha derrotou a Espanha, 2 a 1. A Hungria garantiu a segunda vaga no grupo do Brasil, ao derrotar a Bulgária: 3 a 1. A URSS venceu o Chile por 2 a 1. 


Os duelos das quartas, disputadas no dia 23 de julho, foram os seguintes: Inglaterra  x Argentina, URSS x Hungria, Alemanha x Uruguai e Portugal x Coréia do Norte.


Quando dizemos que a Copa de 1966 foi um mundial de escândalos, dois jogos das quartas de final retratam bem os erros de arbitragem. Em Wembley, com 90 mil pessoas, a Inglaterra venceu a Argentina por 1 a 0, gol de Hurst, aos 33 do segundo tempo. No entanto, a atuação desastrosa do árbitro alemão Rudolf Kreitlein entrou para a história. O jogo quase provocou um incidente diplomático. O argentino Rattin reclamou inúmeras vezes da violência dos ingleses, principalmente do zagueiro Styles. Ainda no primeiro tempo, o juiz perdeu a paciência e expulsou o argentino. Rattin chegou a pedir um intérprete para explicar o que tinha dito ao árbitro alemão, mas não foi atendido. Kreitlein não entendia uma palavra em espanhol e depois, na súmula, escreveu que tinha sido ofendido pelo jogador argentino. Rattin demorou para sair de campo. Fez gestos obscenos para a torcida e esfregou a mão na bandeirinha de escanteio que levava as cores inglesas. O técnico Alf Ramsey chamou os argentinos de "amimais" que retrucaram: "ladrões das Ilhas Malvinas". Rattin, falando ao jornalista Teixeira Heizer em "O jogo bruto das Copas do Mundo dizia: "O árbitro estava ajustado com Rouss (Stanley Rouss, presidente da Fifa). Perdemos no apito. Mas eu mostrei que na América também tem homem". A Fifa puniu Rattin, Ferrero, outro jogador argentino, e a AFA, a associação de futebol do país. Os jornais ainda destacavam que o gol de Hurst teria sido irregular:



Depois de tanta confusão, a partir de 70 seriam instituídos os cartões amarelo e vermelho. Assim todo mundo se entendia.

Enquanto um alemão apitava o jogo da Inglaterra, um inglês, James Finney, estava em campo, em Sheffield, no duelo entre Alemanha e Uruguai. Haller abriu o placar, aos 11 minutos do primeiro tempo. Nos primeiros 10 minutos da etapa final, o árbitro expulsou de maneira duvidosa Troche e Hector Silva. A polícia chegou a entrar em campo para retirar Hector Silva da partida. Com 9 jogadores, os uruguaios ficaram rendidos. Beckenbauer, Seeler e Haller fecharam o placar: 4 a 0. Os uruguaios também reclamaram de um pênalti não marcado, depois que Schnellinger evitou um gol com a mão. Mais uma arbitragem vergonhosa.


Em Sunderland, a URSS venceu a Hungria por 2 a 1. 



Já em Liverpool, uma surpresa: a Coréia do Norte fez três gols (1, 22 e 25 minutos). Com uma agilidade e correria impressionantes, os coreanos deram uma grande canseira nos adversários. Eusébio diminuiu, aos 27. Aos 43, o craque português fez o segundo. Placar do primeiro tempo: 3 a 2 para a Coréia. Na etapa final, os asiáticos cansaram. Eusébio, aos 11 e 14, fez 4 a 3. José Augusto fechou o placar. 




As semifinais foram disputadas nos dias 25, Alemanha e URSS, e 26, entre Inglaterra e Portugal.

Em Liverpool, a Alemanha garantiu vaga para a final da Copa com gols de Haller e Beckenbauer. A vitória por 2 a 1 levou o time à decisão, depois de 12 anos.



Os ingleses lotaram Wembley (94 mil pessoas) para torcer pela classificação do "English Team". O jogo, no entanto estava marcado para Liverpool. A Fifa inverteu os locais das duas semifinais. Mais uma polêmica para a Copa. Os portugueses reclamam até hoje. Acham que a troca foi feita para beneficiar a Inglaterra. Booby Charlton marcou dois gols, um em cada tempo (aos 30 e 35). Eusébio diminuiu em uma cobrança de pênalti, aos 37. Em 2001, fiz uma entrevista com o "Pantera Negra", como Eusébio era chamado. Nascido no Marrocos, Eusébio da Silva Ferreira guardava uma mágoa. Ele achava que Portugal poderia ter chegado à final da Copa se o jogo contra os ingleses fosse disputado em Liverpool.



De qualquer forma, Portugal confirmou a boa campanha e venceu a URSS por 2 a 1 e ficou com o terceiro lugar, em jogo disputado em Wembley no dia 28 de julho. Eusébio marcou mais um gol naquela partida e foi o artilheiro do mundial com 9.




A final da Copa foi disputada no dia 30 de julho com um público de 93 mil pessoas em Wembley. Caberia à rainha Elizabeth entregar a Taça Jules Rimet ao capitão da seleção vencedora. A Alemanha saiu na frente com gol de Haller, aos 12 minutos. Surpresa para a torcida inglesa! Os donos da casa empataram com Hurst, aos 18 minutos. No segundo tempo, Peters virou o placar, aos 33 minutos. A Alemanha empatou aos 44 do segundo tempo, depois de uma confusão na área. O gol foi de Weber, mas o lance que originou a jogada surgiu de uma falta que não existiu. Pela segunda vez na história, assim como em 34, uma final de Copa seria definida na prorrogação. Aos onze minutos, se desenrolou um dos lances mais polêmicos da história dos mundiais. Hurst chutou já de dentro da grande área. A bola bateu no travessão, quicou no chão, aparentemente em cima da linha, e voltou a campo. O árbitro Gottfried Dienst, da Suíça, correu para consultar o bandeirinha Tofik Brakhamov, da URSS, que confirmou que o bola tinha entrado. Até hoje esse lance é discutido. Pelas imagens, fica claro que a bola não entrou. A Alemanha sentiu o gol e caiu de produção. Aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação, Hurst marcou o quarto da Inglaterra e entrou para a história como o único jogador a fazer três gols em uma decisão de Copa. No entanto, esse gol também pode ser contestado. Torcedores já tinham invadido o campo para comemorar o título no momento em que Hurst corria praticamente sozinho em direção ao gol defendido por Tilkowski. Depois do quarto gol, o árbitro encerrou a partida.


O capitão Booby Moore recebeu a taça das mãos da rainha Elizabeth. O título é até hoje o único da história do futebol inglês. A Copa ficou com os inventores do futebol.



Antes da Copa, em 20 de março de 66, a taça Jules Rimet estava em exposição em Londres, quando desapareceu. O sumiço mobilizou a Inglaterra e envolveu até a Scotland Yard. Uma semana depois, um cachorro chamado Pickles encontrou o troféu, embrulhado a jornais, em um jardim londrino. Virou herói nacional. Um suspeito chegou a ser preso pelo roubo. Antes, em 1939, no começo da guerra, o dirigente italiano Ottorino Barassi escondeu a taça na casa dele para evitar que o ouro fosse derretido pelos nazistas. Em 83, já em posse definitiva do Brasil, a Jules Rimet foi roubada da sede da CBF, no Rio de Janeiro, e desapareceu para sempre.


TABELA COPA 1966

GRUPO 01

11/07/1966 Londres: Inglaterra 0 x 0 Uruguai
13/07/1966 Londres: França 1 x 1 México
15/07/1966 Londres: Uruguai 2 x 1 França
16/07/1966 Londres: Inglaterra 2 x 0 México
19/07/1966 Londres: Uruguai 0 x 0 México
20/07/1966 Londres: Inglaterra 2 x 0 França

GRUPO 02

12/07/1966 Sheffield: Alemanha Oc. 5 x 0 Suíça
13/07/1966 Birmingham: Argentina 2 x 1 Espanha
15/07/1966 Sheffield: Espanha 2 x 1 Suíça
16/07/1966 Birmingham: Alemanha Oc 0 x 0 Argentina
19/07/1966 Sheffield: Argentina 2 x 0 Suíça
20/07/1966 Birmingham: Alemanha Oc. 2 x 1 Espanha

GRUPO 03

12/07/1966 Liverpool: Brasil 2 x 0 Bulgária
13/07/1966 Manchester: Portugal 3 x 1 Hungria
15/07/1966 Liverpool: Hungria 3 x 1 Brasil
16/07/1966 Manchester: Portugal 3 x 0 Bulgária
19/07/1966 Liverpool: Portugal 3 x 1 Brasil
20/07/1966 Manchester: Hungria 3 x 1 Bulgária


GRUPO 04

12/07/1966 Middlesbrough: URSS 3 x 0 Coreia do Norte
13/07/1966 Sunderland: Itália 2 x 0 Chile
15/07/1966 Middelsbrough: Coreia do Norte 1 x 1 Chile
16/07/1966 Sunderland: URSS 1 x 0 Itália
19/07/1966 Middelsbrough: Coreia do Norte 1 x 0 Itália
20/07/1966 Sunderland: URSS 2 x 1 Chile

QUARTAS

23/07/1966 Londres: Inglaterra 1 x 0 Argentina
23/07/1966 Sunderland: União Soviética 2 x 1 Hungria
23/07/1966 Sheffield: Alemanha Oc. 4 x 0 Uruguai
23/07/1966 Liverpool: Portugal 5 x 3 Coreia do Norte

SEMIFINAIS

25/07/1966 Liverpool: Alemanha Oc. 2 x 1 União Soviética
26/07/1966 Londres: Inglaterra 2 x 1 Portugal

TERCEIRO LUGAR

28/07/1966 Londres: Portugal 2 x 1 União Soviética

FINAL


30/07/1966 Londres: Inglaterra 4 x 2 Alemanha Ocidental.



Fontes consultadas: 



- Acervo dos jornais Folha de S.Paulo, O Estado de S.Paulo e O Globo (1962);

- Livros: O Jogo Bruto das Copas do Mundo (Teixeira Heizer) e Todas as Copas do Mundo (Orlando Duarte).



O AUTOR



Thiago Uberreich é formado em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1999). Começou a carreira, em 1996, na Rádio Eldorado de São Paulo (atual Estadão).  Passou pelas funções de redação, edição, reportagem e apresentação.

Em 2005, recebeu convite para integrar a equipe de reportagem da Jovem Pan. Participou de inúmeras coberturas e atuou como setorista no Palácio dos Bandeirantes. Desde março de 2016, apresenta o Jornal da Manhã (6hs às 10hs).

Apaixonado por futebol e história das Copas do Mundo, gosta de elaborar séries especiais.

Em 2010, venceu o prêmio Embratel, categoria Reportagem Esportiva, com a série Histórias das Copas, veiculada nos meses que antecederam o mundial na África do Sul.  Em 2011, levou ao ar a série "Vozes do Tri", sobre a conquista da Copa de 70. Em 2012, fez a série "50 anos do bi". Em 2015, produziu "A Copa que nunca acabou", sobre o mundial de 1950. Em 2016, conseguiu reunir os áudios na íntegra dos seis jogos da seleção brasileira em 50. Possui um dos maiores acervos pessoais de vídeos de futebol do país. São 4 mil horas de gravação (2 mil DVDs).

Críticas, sugestões ou correções: tuberreich@gmail.com